sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A História da Música na Paraíba



Introdução à história da música na Paraíba

A música é uma presença indiscutível na Paraíba. As suas matrizes culturais permeiam tanto os vetores de ação e desenvolvimento quanto os princípios artístico-estéticos nos seus vários níveis. Diversos e valiosos são os seus músicos, compositores, arranjadores, orquestradores e demais pessoas envolvidas no fazer prático musical.
Embora a prática musical na Paraíba seja uma importante e inegável ferramenta na manutenção das diversas tradições musicais (das quais a etnomusicologia local e regional vem se ocupando com sucesso), a sua história musical de tradição escrita anterior ao século XX parece ter caído no esquecimento.
Aos supracitados temas e áreas deve-se acrescentar, sem dúvidas, a história da música na Paraíba em todos os seus aspectos possíveis (militar, cível, religiosa, etc).
Desde a sua fundação por Alvará de 29 de dezembro de 1583 e inicio da sua efetiva construção em 4 de novembro de 1585, a cidade de Nossa Senhora das Neves (nome que recebeu em homenagem à data do desembarque de João Tavares no rio Paraíba em 5 de agosto daquele mesmo ano), foi local importante e estratégico no território ao norte de Pernambuco. Dessa região cuja organização territorial chegou ao atual Estado da Paraíba, poucas são as informações conhecidas da sua vida musical, até meados do século XX.
Cronistas como Wellington Aguiar (1993) e Francisco Coutinho de Lima e Moura (1938; 1939; 1946) entre outros, transmitiram suas memórias de juventude (ocorrida durante a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX) lembrando os diversos sons urbanos (dos sinos das igrejas e conventos, ou dos toques de alvorada dos quartéis) ou repetindo as afirmações de autores anteriores tais como Cavalcanti (1972) Schmalz (1966), Barbosa (1953), até mesmo de viajantes como Henry Koster (que visitou o Nordeste em 1816) ou do texto da Descrição Geral da Capitania da Paraíba, escrita por Elias Herckmans em 1639 e que “somente em 1869 [...] foi impresso pela primeira vez, na Crônica do Instituto de Utrecht”. Detecta-se assim certa tradição local de cronistas que, com escassas intervenções, re-avaliações ou questionamentos, repetem informações do passado paraibano junto à sua avaliação contextual, num estilo de escrita que dificulta muito a localização das fontes primárias a fim de uma eventual verificação documental posterior.
 À guisa de exemplo, entre as informações do passado musical paraibano preservadas na tradição local de cronistas, em 1919 Irineu Ferreira Pinto indicava claramente a presença da música no seu aspecto funcional religioso, quando descrevia que, no ano de 1821, “Pela feliz chegada de S. Mag. e El Rei D. João VI em Lisboa, manda fazer o Senado da Câmara da capital um Te-Deum e Missa solemne em acção de graças, sendo o Mestre de Música Manoel do Nascimento Quaresma encarregado do côro por 16$000.”
 Em que documentação se baseou Ferreira Pinto para tal afirmação? Quais as fontes consultadas? Sem duvidar da seriedade do autor paraibano, devemos admitir que a nova musicologia no Brasil vem desenvolvendo um amplo espaço de crítica textual e histórica, sobretudo no que diz respeito à construção do discurso histórico musical sobre bases mais claramente balizadas e verificáveis. Neste sentido, esse tipo de informações requer estudos e pesquisas mais específicos.
Na atual situação da pesquisa histórica musical paraibana, perguntas tais como qual a tradição litúrgica musical específica da Missa solene e do Te Deum realizados naquela data, ou se seria a quantia indicada o pagamento regular como mestre de capela (caso assim fosse) ou um adicional estabelecido pelo Senado da Câmara para a contratação de músicos (vocalistas ou até instrumentistas) para o maior brilho da citada celebração, seriam difíceis de responder sem cair na especulação infundada. No entanto, elas nos incitam a procurar caminhos para resolver tais necessidades da pesquisa histórica musical com fundamento documental.


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